Entrevista com a psicopedagoga Prof.ª Esp. Cleone Maria Alves de Magalhães

 

                                                                                                                                                       

     

Autismo

Entrevista com a psicopedagoga

Prof.ª Esp. Cleone Maria Alves de Magalhães

 

 

Apresentação

 

 

Cleone Maria Alves de Magalhães é graduada em letras pelo Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco/CESVASF, sendo especialista em Língua Portuguesa pela Universidade de Pernambuco/UPE. Nesta mesma instituição, cursou a pós-graduação lato sensu em Psicopedagogia, onde desenvolveu a pesquisa monográfica Políticas públicas e educação especial: um estudo de caso. Atualmente, presta serviços e consultorias em escolas da rede particular de Petrolina/PE, além de possuir uma clínica psicopedagógica nesta mesma cidade.

 

 

1) O que é autismo?

 

É uma síndrome neuropsiquiátrica, assim considerada, em larga escala, pela comunidade científica. Três características fundamentais compõem este transtorno global do desenvolvimento, marcado pela falta de habilidade em sociabilizar-se, pela grande dificuldade em dominar a linguagem e a comunicação com os outros e pelo comportamento caracteristicamente repetitivo e restritivo.

 

A intensidade deste comprometimento é bem variável, partindo de casos mais simples e leves, como a síndrome de Asperger (onde fala e inteligência ficam comprometidas, porém de maneira sutil), indo até quadros mais complexos e graves, onde a criança não consegue desenvolver contatos sociais, além de apresentar uma variação de comportamento, como agressividade, e mesmo retardo mental.

 

O autismo atinge indivíduos no mundo todo, independendo de etnia ou classe social, tanto do sexo masculino quanto do feminino.

 

                                                                                             

2) Como podemos observar em crianças sinais de que são autistas?

 

Logo no início da vida, a criança pode apresentar sintomas. Porém, é muito difícil que sejam identificados tão cedo. Antes de a criança completar três anos, comumente, os sinais passam a ficar mais claros. Podemos citar alguns, como o isolamento voluntário, ausência de contato visual, o agir como se não ouvisse os outros, birras, resistência a mudanças de rotina, a constante hiperatividade, movimentos circulares com o corpo, a grande sensibilidade a sons e barulhos, etc.

 

Ao suspeitar que a criança apresenta alguns desses sinais, a família deve levá-la para uma avaliação diagnóstica. O diagnóstico é essencialmente clínico e, nesse sentido, não deve prescindir da participação do médico especialista (psiquiatra e/ou neurologista), acompanhado de equipe interdisciplinar capacitada para reconhecer clinicamente tais transtornos. A equipe deverá contar com, no mínimo: médico psiquiatra ou neurologista, psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo clínico e terapeuta ocupacional. Cada profissional, dentro de sua área, fará sua observação clínica.

 

 

3) Dentro do aspecto das sociabilidades, é possível que o professor consiga integrar alunos autistas em sala de aula?   

 

Primeiramente, sem rotulação e depois com ações de qualidade.

 

Na escola, é mais comum depararmos com dois tipos de autismo: Autismo Clássico e Síndrome de Asperger.

                                                               

É de suma importância a preparação do professor através de um programa adequado de diagnose e avaliação dos resultados globais no processo de aprendizagem.

 

Para que essa intervenção pedagógica aconteça, a atuação do professor passará por três estágios: A observação, a avaliação e a mediação

 

A inclusão escolar começa na alma do professor

                                                                         

Quais meios seriam os mais recomendáveis?

 

- Paciência é fundamental nesse processo de ensino

- Respeito

- Adaptação da sala de aula

- Conscientização da turma para com a aceitação do colega

- Não se alterar

- Redirecionar a ação do aluno

- Falar baixo e manter o mesmo tom de voz

 

 

4) Em um contexto nacional, podemos dizer que nosso ensino público/particular está preparado para englobar crianças com autismo, provendo estas de uma aprendizagem de qualidade?

 

Eu diria que ainda não, estamos caminhando em passos lentos, pois vejo que muitos educadores ainda não estão preparados e que algumas escolas também não estão adaptadas para recebê-los.

 

5) A relação família/escola pode ser fundamental para que o aluno consiga aprender significativamente? De que forma?

 

Primeiro a família precisa aceitar e respeitar a dificuldade dessa criança, a partir daí fica mais fácil encarar os obstáculos que surgirão. É sugerido também para todos os envolvidos, um atendimento e orientação especializados.

 

Para a escola, é fundamental descobrir um meio ou técnica que possibilitem estabelecer algum tipo de comunicação com o autista. Por exemplo: Cursos, palestras e oficinas para seus professores e momentos de socialização e orientação para os pais.

 

 

6) Podemos dizer, de modo geral, que alunos autistas aprendem menos e com maior lentidão que os demais, ou isso é um mito do senso comum?

 

As habilidades de uma criança autista podem ser altas ou baixas. Ele aprende normal na escola, dependendo de como é condicionado e quais técnicas são utilizadas nesse processo. É importante que o professor penetre no mundo do autista, compartilhe com suas brincadeiras, enriqueça sua comunicação, invista nos recursos pedagógicos para que o momento seja agradável e que faça tudo com serenidade e responsabilidade.

 

7) As implicações do autismo nas sociabilidades do indivíduo podem ser superadas pelos alunos?

 

Crianças autistas inclusas em escolas especializadas, com profissionais capacitados e que recebem apoio da família, têm geralmente um desenvolvimento melhor. As intervenções feitas na escola, como os recursos didáticos e adaptações feitas em casa pela família, contribuem também para seu crescimento e desenvolvimento psicológico

 

Há mecanismos e ferramentas didático-pedagógicas que consigam auxiliá-los a superar tais limitações?

 

Não existe um tratamento, o que há é um treinamento para o desenvolvimento de uma vida tão independente quanto possível. Cada paciente exige acompanhamento individual, de acordo com suas necessidades e deficiências. Alguns podem beneficiar-se de intervenção medicamentosa, especialmente quando existem co-morbidades associadas.

 

Os especialistas receitavam muito o neuroléptico para combater a impulsividade e agitação, mas os antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina vêem apresentando bons resultados, proporcionando maior tranquilidade aos pacientes. Outras medicações que apresentam bons resultados são: a fluoxetina, a fluvoxamina, a sertralina e a clomipramina.

 

Concluo que a técnica comportamental, programas de orientação para pais, professores e cuidadores, são procedimentos indispensáveis e eficazes para essa intervenção.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

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