Códice Mendoza, datado da década de 1540 em papel europeu. Posterior à Conquista do México, foi pintado por escribas astecas, que usaram o formato pictórico e iconográfico antigo. Após ser pintado, um escriba adicionou descrições escritas em castelhano.
Em menor número e com um arsenal limitado, apesar de potente, Cortéz conseguiu subjugar um dos mais importantes impérios da Mezoamérica. Como isso foi possível?
Da redação
Quando aportaram em território asteca, os espanhóis pouco sabiam sobre o império com o qual iriam se confrontar. Alguns relatos eram passados. Há quem diga que a vitória espanhola no processo de “conquista” dos mexicas se deu pela superioridade bélica.
Isso possui um fundo de verdade. Hernán Cortéz chegou na região do Império Asteca, por volta de 1519, com um contingente com mais de 600 homens, aproximadamente 30 cavalos e cerca de 10 canhões.
Porém, após um período inicial em que todo esse poder bélico fez diferença, os espanhóis tiveram que adotar outras medidas. São pelo menos 3 os fatores que explicam como os astecas perderam o embate contra os invasores espanhóis.
Quem foram os astecas?
Os astecas, uma civilização proeminente na Mesoamérica, estabeleceram sua capital, Tenochtitlán, no século XIV, em meio a uma rica fusão cultural com influências de povos como os toltecas e maias. Vitoriosos sobre os tepanecas, expandiram seu domínio e economia, baseados na agricultura e no comércio.
Com uma sociedade estratificada, os astecas impuseram tributos aos conquistados, com uma elite dominante liderada pelo imperador, representante de divindades como Tezcatlipoca. A religião politeísta, destacando deuses como Tlaloc e Huitzilopochtli, incluía o sacrifício humano para manter a ordem cósmica.
Culturalmente, os astecas valorizavam o “teotl”, uma conexão entre seres e forças espirituais, e dominavam a astronomia, refletida em seus calendários. Nas questões familiares, havia rituais e regras específicas, enquanto na economia, a agricultura, notavelmente baseada nas “chinampas”, sustentava sua prosperidade, destacando-se o cultivo de milho e outras culturas.
A saga asteca é uma narrativa complexa que espelha tanto sua riqueza cultural quanto suas dinâmicas sociais e econômicas intricadas, encerrando-se com a conquista espanhola em 1521.
Fator psicológico
A mitologia asteca previa o retorno de Quetzacoatl, deus do vento e do aprendizado, para reinvindicar o trono imperial.
O pesquisador Marcus Vinícius de Morais questiona a validade disso, por exemplo, afirmando que essa versão é reproduzida apenas pelos textos espanhóis escritos posteriormente à conquista de Tenochititlan, capital do Império Asteca.
Fora esse caso, os cavalos e as armaduras da expedição espanhola causaram certo espanto nos astecas. As armas e os tiros geravam, também, um forte efeito psicológico sobre os mexicas.
Fator estratégico
Diante de um rival numeroso, bem estruturado e com um exército treinado no terreno, Hernán Cortéz adotou uma estratégia que se mostraria muito efetiva.
Com a ajuda de uma tradutora local, Malinche, mulher indígena que dominava as línguas nativas, o aventureiro espanhol conseguiu mobilizar povos submetidos aos astecas e que pagavam pesados impostos ao império.
O descontentamento deles foi notado pelos espanhóis, que conseguiram estabelecer alianças com essas tribos.
Fator biológico
Vindos do continente europeu, os invasores trouxeram consigo uma série de doenças, dentre elas a varíola. Inconscientemente, os espanhóis contaminaram os astecas com o vírus, que se espalhou como rastilho de pólvora.
Rapidamente, as mortes por conta da doença cresceram absurdamente, levando a vida de milhares de astecas.
Aos poucos, os astecas foram dizimados pela sanha do ouro dos espanhóis.