Da redação Com informações de BBC e Galileu
Tubman foi a única mulher a liderar homens na Guerra Civil dos Estados Unidos. Atuando como espiã, ela liderou missões que libertaram centenas de pessoas da escravidão
Tubman nasceu Araminta “Minty” Ross de pais escravizados, Harriet (“Rit”) Green e Ben Ross. Modesty, avó materna de Tubman, chegou aos Estados Unidos num navio negreiro vindo da África; não há informação alguma disponível sobre seus outros ancestrais.
Em 1844, “Minty” se casou com John Tubman, um homem negro livre. Nessa época, também mudou seu nome para Harriet, o mesmo de sua mãe.
Durante sua infância, Tubman também trabalhou na casa de um fazendeiro chamado James Cook. Ela tinha de checar as armadilhas para ratos nos pântanos próximos. Chegou a ficar tão doente que Cook enviou-a de volta a Brodess, onde sua mãe a tratou até que se curasse.
Quando ela era adolescente, Tubman estava em uma loja de armarinhos quando um capataz tentava capturar um escravo que havia deixado seu campo de trabalho escravo sem permissão. O homem furioso jogou um peso de quase um quilo no fugitivo, mas acertou Tubman, esmagando parte de seu crânio. Por dois dias ela permaneceu entre a vida e a morte.
Por volta de 1844, ela casou-se com uma negro livre chamado John Tubman. Embora pouco se saiba dele ou do tempo que passaram juntos, a união era complicada por conta de seu status de escrava. O status da mãe ditava o de seus filhos (pela doutrina “partus sequitur ventrem”). Dessa forma, quaisquer filhos nascidos de Harriet e John seriam escravizados.
Tubman foge em busca da liberdade
Tubman temia ser vendida para outro senhor de escravos quando escapou de Maryland pela primeira vez, em 1849, aos 27 anos de idade, ao lado de dois de seus irmãos, Ben e Harry. Seu marido, no entanto, se recusou a ir com eles e, dois anos depois, casou-se com uma mulher negra livre.
Contudo, essa primeira tentativa de fuga foi fracassada. Tubman logo escapou novamente, desta vez sozinha, e conseguiu chegar à cidade da Filadélfia, onde a escravidão não era permitida. Lá, começou a trabalhar como doméstica e cozinheira.
O dinheiro economizado financiou várias viagens de volta a Maryland nos 11 anos seguintes, para ajudar a guiar outros escravizados em busca de liberdade no norte. Dessa forma, ela se tornou a mais famosa entre os “condutores” da Underground Railroad e ficou conhecida como “Moisés de seu povo”.
Ela havia resgatado entre 50 e 60 pessoas em oito ou nove viagens. Isso, no entanto, foi antes de sua última missão, em dezembro de 1860, quando ela trouxe sete pessoas
Assim, além das pessoas que conduziu pessoalmente, ela ajudou cerca de outros 70 escravizados indiretamente, dando instruções sobre como chegar ao norte por conta própria.
As perigosas missões de Harriet
As missões de resgate eram, de fato, perigosas. A Lei do Escravo Fugitivo de 1850 endureceu leis semelhantes anteriores e estabelecia que autoridades e cidadãos brancos em qualquer lugar do país deveriam ajudar a recapturar pessoas escravizadas fugitivas dos Estados onde a escravidão era permitida.
Assim, caso fosse recapturada, além de ser submetida a castigos físicos, Tubman seria escravizada novamente. Segundo historiadores, ela usava disfarces em suas missões e contava com a ajuda de pessoas de confiança, que indicavam a melhor rota e ofereciam abrigo.
O trajeto era, entretanto, feito a pé, a cavalo, de barco e de trem. Ela seguia rios, estrelas e fenômenos naturais para achar a direção ao norte, e usava canções como forma de comunicar ao grupo situações de perigo ou segurança.
Tubman carregava uma pistola, não apenas para proteção contra caçadores de escravos, mas também para desencorajar fugitivos que pudessem mudar de ideia e desistir da jornada, o que colocaria em risco a segurança do resto do grupo.
Apesar dos perigos, ela nunca foi capturada e se orgulhava de jamais ter perdido um “passageiro”. Desse modo, a experiência e o conhecimento adquiridos durante mais de dez anos refazendo o trajeto a transformaram em figura valiosa durante a Guerra Civil (1861-1865).
Harriet na Guerra Civil norte-americana
Depois que a Guerra Civil começou, Tubman se ofereceu para servir como espiã e escuta para o Exército da União. Ela acabou na Carolina do Sul, onde ajudou a liderar uma missão militar no rio Combahee. Localizado a meio caminho entre Savannah, Geórgia, e Charleston, Carolina do Sul, o rio era ladeado por várias plantações valiosas que o Exército da União queria destruir.
Tubman, desse modo, ajudou a guiar três barcos a vapor da União em torno das minas confederadas e depois ajudou cerca de 750 escravos a escapar com as tropas federais.
Dessa forma, ela foi a única mulher a liderar homens em combate durante a Guerra Civil. Após a guerra, ela se mudou para Nova York e atuou na campanha pela igualdade de direitos para as mulheres.
Em 1859, Tubman comprou uma propriedade em Auburn, no Estado de Nova York, onde posteriormente estabeleceu um lar de idosos. Ela se casou pela segunda vez, com Nelson Davis, que também havia sido escravizado e lutou na guerra como soldado da União. Em 1874, eles adotaram uma filha.
Tubman, contudo, chegou ao final de sua trilha. Ela morreu aos 90 anos, em 1913, e foi sepultada com honras militares no cemitério de Fort Hill, em Auburn.
Seu rosto hoje estampa as notas de 20 dólares nos EUA.