Os ucranianos e os russos possuem um ponto de partida em comum, que foi a Rússia de Quieve, uma confederação de tribos eslavas sob o título de principado, ainda na Idade Média.
Da redação
Até o século XIII esse principado, composto por russos, ucranianos e demais povos eslavos, existiu e foi importante no leste europeu, até a invasão mongol.
Daí em diante o território ucraniano seria conquistado por reinos como o da Polônia e o grão-ducado da Lituânia.
Diante dessa dominação, os ucranianos se uniriam aos cossacos, fugitivos de origem russa, numa rebelião que culminaria na divisão do território ucraniano entre a Polônia e a Rússia, que ficaria com o leste ucraniano sob sua jurisdição.
Em 1793, mais de um século depois disso, também o oeste da Ucrânia foi anexada pelo Império Russo. A Ucrânia seria, então, um território pertencente ao Império Russo.
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Quando o Império cai diante da revolução russa de 1917, mais uma vez o território é disputado pela Polônia, que havia se tornado recentemente uma República com desejos expansionistas à leste, e a União Soviética, que buscava manter os espaços territoriais que eram ainda do tempo do Império.
Os poloneses saem vencedores, com o Tratado de Riga, em que Lenin reconhecia a independência polonesa, mas a Ucrânia se torna uma República soviética, sob controle dos russos
Em 1939, com a invasão nazista da Polônia, os soviéticos também aproveitaram o momento para avançar sobre o território polonês, ampliando o tamanho da República soviética da Ucrânia.
Sob controle soviético
Após a revolução comunista de 1917, o país, como muitos outros, travou uma brutal guerra civil antes de ser totalmente absorvido pela União Soviética em 1922.
No início da década de 1930, a campanha de coletivização das fazendas promovida pelo líder soviético Joseph Stalin foi acompanhada de uma grande fome que provocou a morte de milhões de ucranianos.
Um grande número de russos e outros cidadãos soviéticos migrou para a Ucrânia para ajudar a repovoar o leste. Muitos deles não falavam ucraniano e tinham poucos laços com a região.
Em 1953, a Crimeia foi repassada da União Soviética para a Ucrânia pelo secretário geral do partido comunista, Nikita Khruschov, passando a integrar o país.
Em 26 abril de 1986 aconteceu o conhecido acidente nuclear de Chernobil, a 130 kms de Kiev, ao norte de na Ucrânia. considerado o mais grave acidente nuclear da história, que afetou fortemente com 600 mil habitantes.
Até 1993, a causa de pelo menos 7 000 mortes era atribuídas às elevadas doses de radiação recebida, além disso 135.000 pessoas foram evacuadas. O reator foi revestido com uma camada de concreto de vários metros de espessura, formando uma estrutura apelidada de sarcófago.
A nuvem radioativa de Chernobil afetou a Ucrânia, a Bielorrússia, a Rússia, a Polônia e partes da Suécia e da Finlândia.
Nos anos seguintes, pesquisadores estrangeiros na área registraram um aumento de casos de câncer e outras doenças associadas à radioatividade.
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Ucrânia independente dos russos
A Ucrânia se declara independente em 1990, e por meio de plebicito em agosto de 1991 elege seu presidente. Em dezembro daquele ano, a União soviética cai oficialmente.
A partir daí, o país vem caminhando em direção ao ocidente, estabelecendo proximidade com a União Europeia e com a Otan, no quesito de proteção militar.
Dentro do próprio país, muito em decorrência de sua história de divisões, invasões e partilhas, há regiões que se declaram separatistas, comandadas por grupos rebeldes pró-rússia.
É nesse contexto que, em 2014, a Rússia de Putin invadiu a Criméia, região ucraniana que era anteriormente território russo. Agora, Putin avança sobre territórios ao leste da Ucrânia, comandados pelos grupos separatistas.
O Brasil pode ser afetado em alguns pontos. O mais imediato tem a ver com os brasileiros que vivem na Ucrânia, como, por exemplo, os jogadores de futebol de times como o Shaktar Donetsk e o Metalist.
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Outra consequência tem a ver com a diplomacia internacional. Recentemente, o presidente Bolsonaro visitou a Rússia e declarou ser solidário a Putin. Isso não pegou bem nos demais países ocidentais, muito menos na Ucrânia.
O Brasil não tem poder de influência sobre o conflito, e por isso tomar um lado ou demonstrar preferência pode ser perigoso para as relações internacionais do país.
A rússia não tem pretenções globais de hegemonia, mas é óbvio que vai fazer de tudo pra proteger sua fronteira ocidental, nem que pra isso precise sacrificar países menores, desestabilizando-os politicamente, como faz com a Ucrânia.