Da redação
Uma das obras mais fundamentais do início do século XX e que marcou profundamente a carreira de Euclides da Cunha, um jovem engenheiro de obras à época, e que se tornaria um ensaísta e narrador extraordinário.
Os Sertões, originalmente publicado em 1902, às custas do próprio autor, com tiragem de 1mil exemplares, condensa em suas páginas o período de observação in loco de Euclides, que foi a Canudos acompanhando as tropas do governo, como correspondente do jornal O Estado de São Paulo, a convite de Julio de Mesquita.
Continua após a publicidade
Podemos observar em suas linhas uma profunda influência do pensamento positivista da época, com pesados traços de uma observação eugenista sobre a população sertaneja. Para Euclides, que concordava com as premissas da Eugenia, a mestiçagem nordestina e sertaneja rebaixava a qualidade do ser humano, produzindo um ser preguiçoso, cansado, desleixado, ainda que fosse “antes de tudo, um forte”.
Grande defensor do republicanismo, Euclides achou que iria cobrir uma guerra de glórias para o Estado, mas encontrou uma realidade extremamente dura e diferente do que esperava ver. Concluiu que o evento em Canudos foi um crime da República, ao ver massacrados campezinos pobres, que lutavam com o que tinham para sobreviver à maquina de morte do exército.
A leitura desse livro é pesada. Euclides possuía um preciosismo enorme em relação à escrita, bastante rebuscada e verborrágica. Os principais pesquisadores de sua obra são unânimes em dizer que ele foi um mestre da escrita, e a dominava como poucos.
Continua após a publicidade
Dividido em 3 partes (A Terra, O Homem e A Luta), esta obra compõe um relato biológico, social, cultural, político e bélico sobre o homem sertanejo e as agruras de um conflito de terra arrasada. Um crime, segundo Euclides, do Estado contra um povo pobre, sem terra, que se fiava na esperança que a fé lhes proporcionava.