13/11/2012
A terra prometida pelo “Destino Manifesto” estadunidense
Prof. Carlos Alberto A. Lima
No atual momento, reportar-se aos Estados Unidos da
América nos condiciona diretamente a comentar, analisar,
refletir, sobre mais uma eleição bipolarizada na terra
do Tio San. Desta feita tivemos o confronto entre o
“multilateral” Barack Obama X o “obstinado” Mitt Romney.
No entanto, não tenho objetivo, aqui, de tentar
compreender quem seria melhor para o Brasil e para o
mundo Islâmico, tampouco, quem seria mais ou menos
democrático, e menos ainda, quais seriam as suas
diferenças discursivas e ideológicas. Deixemos esses
questionamentos para os grandes veículos de comunicação
ou para os ditos especialistas em política
internacional. Além do mais, o resultado eleitoral já é
um dado público e notório. Então o que nos sobra? Sobra
tentar estabelecer uma conexão entre as programáticas
dos dois grupos – Republicanos e Democratas - que
polarizam historicamente o campo político/ideológico
Estadunidense. Mais do que isso tentarei comprovar
semelhanças no projeto dos dois partidos.
Seguindo o raciocínio, o que George Washington, Thomas
Jefferson, Abrahan Lincoln, Franklin Roosevelt, Ronald
Reagan, Bill Clinton, George W. Bush tem em comum?
Resposta bem plausível, por sinal: todos seguem
fielmente as diretrizes do “Destino Manisfesto”,
pensamento político/ideológico criado no século XIX, no
qual o povo dos EUA seria eleito de Deus, com a virtude
de comandar o mundo e por isso o Imperialismo, seja ele
econômico, cultural ou militar, não seria nada mais que
a vontade divina. Representando essa doutrina,
observemos algumas frases: “Deus não criou este
país para que fosse uma nação de seguidores. Os Estados
Unidos não estão destinados a ser apenas um dos vários
poderes globais em equilíbrio. Os Estados Unidos devem
conduzir o mundo ou os outros o farão”; “Vamos
reconhecer o que nos une além das fronteiras e forma a
força deste país abençoado. Vamos abraçar nossa história
e nosso legado”; “Eu não me oponho a todas as guerras,
eu me oponho as guerras estúpidas”; “ Não existe uma América Liberal e outra conservadora: existe os Estados
Unidos da América” ; “Nós acreditamos na América”.
A quem creditar esses aforismos? Sem delongas, fora
pronunciados durante esta última campanha presidencial,
pelo democrata Barack Obama e pelo Republicano Mitt
Romney. A descoberta de quem foi o autor de cada uma
ficará a cargo da pesquisa e da interpretação do leitor.
Para o professor Luis Moniz Bandeira,
estudioso da política internacional dos EUA, o Destino
Manifesto, contribui para, em cerca de 200 anos,
transformar o “Império da Liberdade” dos pais fundadores
da América para a “Liberdade do Império”, que age
livremente sem respeito às fronteiras e que conta
cinicamente com o apoio da ONU e dos seus organismos
internacionais. Essa transformação age concomitantemente
na estrutura burocrática do estado e as concepções
comportamentais da própria sociedade.
Dentre as características desse “Destino Manifesto”,
indubitavelmente, a mais perversa é a política
imperialista, desenvolvida ao longo da História
americana. É valido acrescentar, que essa passara por
várias fases. Destacando-se: Imperialismo interno,
iniciado ao findar a guerra de Independência contra a
Inglaterra, que motivou uma expansão para o Oeste contra
os Índios e Mexicanos, ajudando assim, na conformação do
atual território. Já na política externa, que os
transformaram na maior potência mundial, ganhou
relevância os episódios oportunistas das duas grandes
guerras mundiais, e os investimentos geoestratégico no
Oriente médio, como também a perversão da democracia na
sua propalada Guerra ao terror.
A política imperialista Yanke tem duas facetas visíveis:
um bélico, marcados pelas guerras de pretextos, que
imprime ao Estado uma militarização e que atinge a
esfera econômica e cultural da sociedade. Temos como
exemplos: a guerra que fizera contra a Espanha, em 1898,
com o objetivo de incorporar alguns territórios (Cuba,
Filipinas, Samoa) do Império Colonial Ibérico, que
tivera como pretexto o afundamento do Navio Maine no
porto de Havana e a guerra que empreendeu contra o
Iraque/Afeganistão, tendo o pretexto da perseguição aos
terroristas, após o “11 de setembro de 2001”, no qual o
objetivo final seria o controle estratégico, seja por
via da Guerra ou da Diplomacia, das reservas de petróleo
nessas áreas.
A segunda faceta seria no campo cultural/econômico
propriamente dito, onde as fronteiras dos Estados Unidos
alargam-se graças à política externa de mercado, somado
à continuidade do ideal do “American Way of Life” como
nos atesta o mesmo Moniz Bandeira: “ onde estiver as
instalações petrolíferas da Standart Oil, ou os
supermercados Wal Mart e os Fast Foods Mcdonnalds
estarão os tentáculos e as fronteiras do império
americano”.
Enfim, qual seja o dirigente dos Estados
Unidos da América, qualquer que seja o seu partido, a
sua política perpassará pelo controle e pela reprodução
das práticas imperialistas. Assim, afirma a História,
assim deseja os “escolhidos” americanos.
Confira também:
Filme: “O
Patriota”, Dirigido por: Roland Emmerich.
Ler:
Formação do Império Americano; da guerra contra a
Espanha à guerra no Iraque,
de Luis Moniz Bandeira.
(Texto do prof. Carlos Alberto A. Lima, da redação d'O
Historiante)
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