01/10/2012

Enfim, o que é História?

Reflexões de um historiador.

Prof. Carlos Alberto A. Lima

  

Quando pensamos em História, logo de cara, umas séries de perguntas tornam-se pertinentes e obrigatórias: de qual história estamos falando; qual o recorte temporal estabelecido; quais as fontes que serão usadas; quais os objetivos e hipóteses do estudo? No entanto, essas indagações teimam em enviesar e caracterizar a História apenas enquanto campo científico, deixando de lado ou até mesmo renegando as suas outras facetas.

Portanto, a História, antes de quaisquer questões prementes, deve ser apreendida na sua “trindade nada santíssima”, reconhecida enquanto: a história vivida e experimentada no seu devir cotidiano; a história não experimentada, nem vivida, mas mediada através de uma didática, equivalente ao ensino; história apresentada como ciência histórica com seus métodos e teorias que busca na sua performance dar inteligibilidade aos acontecimentos e fenômenos acontecidos. É válido acrescentar que essa tripartite deve ser compreendida, ao menos pelo professor/historiador, como um todo e que suas partes funcionam numa relação mutualística e de complementaridade. Isso não significa confundi-las, haja vista, que cada uma dessas, corresponde a uma demanda do conhecimento histórico.   

            Conceber a História a partir desse tripé nos remete a uma reavaliação e uma reestruturação do seu próprio conceito num todo. Se outrora, nada mais era do que uma simples narração metódica dos fatos ocorridos na vida dos povos, em particular, e na vida da humanidade, em geral (Holanda, 1998: 343), baseados numa visão estanque e imóvel, que a coloca, enquanto um campo que estuda o passado e suas implicações no presente, o que significa contemplar um edifício já acabado e constituído de verdades prontas e absolutas.

Com as transformações ocorridas no decorrer do século XX e as suas conseqüentes mudanças teórico-metodológica, a História passou a ser concebida como uma ciência que está em permanente construção e que resguarda no bojo de suas estruturas: desejos, inquietações, ideologias e subjetividades. Assim a “nova História” seja na sua fatia de Ciências ou de ensino tem como objeto, o estudo das relações de grupos diferentes numa dada sociedade, respeitando seu tempo e espaço, guiado sempre por um diacronismo que propiciará a análise das transformações possivelmente ocorridas.

            Essa nova concepção da História tem como um de seus objetivos, a superação do desinteresse dos alunos pela disciplina, principalmente ao fornecer subsídios – conhecimento – aos mesmos na tarefa de criticar e colocar em questão as verdades gerais e absolutas. Dessa forma, esse processo de subsidiação de conhecimento acarretará na formação de uma consciência histórica por parte dos educandos e como conseqüências poderão ser notadas implicações de cunho social, tais como: capacidade de julgamento e discernimento, desenvolvimento do espírito crítico e da tolerância, refinamento e aprofundamento no ato de pensar, consciência política, etc.

 

(Texto do Prof. Carlos Alberto A. Lima, da redação d'O Historiante)

 

 
 
 
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