Os turbantes e túnicas usados hoje nos países
árabes são quase idênticos às vestes das tribos
de beduínos que viviam na região no século VI.
"É uma roupa que suporta os dias quentes e as
noites frias do deserto", afirma o xeque Jihad
Hassan Hammadeh, um dos líderes islâmicos no
Brasil. A partir do século VII, a expansão do
islamismo difundiu esse vestuário pela Ásia e
pela África, fixando algumas regras. A religião
não permite que os fiéis mostrem em público as
"partes íntimas" – para os homens, a região
entre o umbigo e o joelho; e, para as mulheres,
o corpo inteiro, exceto o rosto e as mãos. Por
esse motivo, as vestes não podem ter nenhuma
transparência nem serem justas a ponto de
delinear o corpo. "Essas partes só podem ser
vistas pelo cônjuge e alguns familiares. Dentro
de casa, portanto, veste-se qualquer roupa", diz
Jihad. Existem também normas para diferenciar a
aparência feminina da masculina. Os homens não
devem usar objetos de ouro ou seda.
Recomenda-se também que tenham barba, para
distanciar-se ainda mais da estética feminina e
assemelhar-se aos antigos profetas. Entre os
religiosos xiitas, há o costume de vestir preto,
em sinal de luto pela morte, em 680, de seu
patriarca Husayn, filho de Ali, o quarto califa,
que consideram sucessor legítimo de Maomé.
Vestidos a rigor
Simbolismo das roupas de origem árabe varia
conforme a região
Icharb
Na maioria dos países árabes, as mulheres
utilizam roupas semelhantes às túnicas
masculinas e, na cabeça, um lenço que deixa só o
rosto à mostra. O nome deu origem ao francês
écharpe.
Xador
O Alcorão determina que as mulheres se vistam de
forma a não atrair a atenção dos homens. Esse
mandamento é levado ao pé da letra em países
como Irã e Arábia Saudita, onde se recomenda o
uso do xador, uma veste que envolve o corpo
todo, com exceção dos olhos.
Burca
As vestes femininas são conhecidas pelos árabes
como hijab, ou "cobrimento". As partes do corpo
que a mulher deve cobrir, no entanto, variam de
acordo com o país. No Afeganistão, o Taleban
instituiu o uso da burca, uma versão radical do
xador que cobre até os olhos.
Cafia
Traje muito comum no Oriente Médio, que consiste
em um pano quadrado preso por uma tira chamada
egal (também agal, igal ou ogal). Por baixo
dela, uma touca prende o cabelo. Sua origem
remonta aos beduínos, que a utilizavam como
máscara protetora contra o frio e contra
tempestades de areia. A cor da cafia e da tira
que a prende indicam o país e a região em que a
pessoa nasceu. A versão quadriculada em preto e
branco, consagrada por Yasser Arafat, é típica
dos palestinos
Abaia
É uma grande capa de lã. Os beduínos a
carregavam em volta do corpo durante o dia e a
vestiam à noite para se esquentar. Também a
utilizavam, junto com um cajado, para improvisar
uma cabana que os protegesse do sol
Túnica
A principal peça do vestuário árabe é esse
"vestido" de manga comprida que cobre o corpo
inteiro. Ela costuma ser clara e larga para
refletir os raios solares, fazer o ar circular e
refrescar o corpo durante o dia. O corte e o
material variam em cada país, podendo receber
nomes como caftan, djellabia, dishdasha ou
gallibia.
Cirwal
Calça larga, usada por baixo da túnica.
Acredita-se que foi uma invenção dos persas,
adotada pelos árabes a partir do século VII.
É feita para permitir a liberdade de movimentos
e foi muito utilizada entre soldados e
camponeses. Deu origem à palavra "ceroula"
Tarbush
Também conhecido como fez,
trata-se de um pequeno chapéu de feltro ou pano,
algumas vezes utilizado em conjunto com um
turbante. Tornou-se muito popular durante o
Império Otomano, quando foi incorporado ao traje
oficial do governo
Ihram
Durante as peregrinações, como as que todo
muçulmano deve fazer à Meca, os fiéis ficam
descalços, sem qualquer tipo de adorno e
cobertos apenas por duas toalhas brancas. Essa
veste, conhecida como ihram, retira do corpo
todos os sinais de poder e riqueza para mostrar
que todos são iguais perante Deus
Turbante
De origem desconhecida, já era utilizado no
Oriente muito antes do surgimento do islamismo.
Consiste em uma longa tira de pano – que, às
vezes, chega a 45 metros de comprimento –
enrolada sobre a cabeça. As inúmeras formas de
amarrá-lo compõem uma linguagem: o turbante
indica a posição social, a tribo a que a pessoa
pertence e até o seu humor naquele momento.