Egito
vai à urnas em eleição presidencial inédita e marcada
por temores.
O
Egito deu início neste sábado aos dois dias de votação
do segundo turno da primeira eleição presidencial livre
do país.
Os dois candidatos na
disputa são Mohammed Mursi, líder da Irmandade
Muçulmana, e Ahmed Shafiq, o ex-primeiro-ministro de
Hosni Mubarak.
O Supremo Conselho das
Forças Armadas, que assumiu o controle do país após
Mubarak ter deixado a presidência, se comprometeu a
entregar o posto ao vencedor até o dia 30 de junho.
O entusiasmo em torno do
pleito foi abalado por uma decisão da Suprema Corte do
Egito divulgada na quinta-feira que invalidou a primeira
eleição parlamentar livre no país em mais de seis
décadas. Os juízes da Suprema Corte foram todos
indicados por Mubarak durante o regime do ex-líder.
De acordo com a corte, o
pleito parlamentar, realizado em duas fases, em novembro
de 2011 e em fevereiro deste ano, teria sido
inconstitucional porque representantes de partidos
puderam competir por assentos no parlamento destinados a
candidatos independentes.
Retrospecto
A eleição parlamentar
teve como grandes vencedores os partidos islâmicos. O
Partido Justiça e Liberdade, ligado à Irmandade
Muçulmana, de Mohamed Mursi, foi o grande vencedor,
tendo conquistado 100 dos 235 assentos. Os islâmicos
fundamentalistas salafistas do Partido Nour também
obtiveram uma votação expressiva e foram o segundo bloco
que mais elegeu candidatos.
A Suprema Corte também
julgou inconstitucional a lei aprovada pelo Parlamento
que proíbe ex-representantes do alto escalão do governo
Mubarak de se candidatar a cargos públicos por 10 anos.
A lei,
que foi aprovada pelo Parlamento no início deste ano,
proibiria Ahmed Shafiq de participar da disputa.
Há temores de que os
líderes militares do Egito possam ainda dissolver o
Parlamento, o que faria com que o vencedor da votação
deste final de semana possa tomar posse em um Egito
desprovido de um Legislativo que possa fiscalizar e
cobrar do futuro líder do país.
Uma assembleia formada
por cem integrantes e apontada por parlamentares no
início deste ano para elaborar a nova Constituição do
país também poderá vir a ser dissolvida.
Acadêmicos, líderes
islâmicos e representantes da oposição denunciaram a
decisão da corte como sendo um ''golpe'', acrescentando
ainda que há temores de que os generais vão procurar
assumir o controle do Parlamento.
Votação
Mohammed Mursi foi o
candidato mais votado no primeiro turno, tendo
conquistado 24,8% dos votos, contra 23,7% dados a Shafiq.
Um total de 52 milhões de
eleitores estavam aptos a votar, mas o índice de
comparecimento às urnas foi de apenas 46%.
Para a votação deste
final de semana, o país contará com 13 mil postos de
votação, espalhados pelos 27 distritos do Egito.
As urnas estão previstas
para fechar às 20h tanto no sábado como no domingo, mas
o prazo poderá ser extendido em ambos os dias.
Segurança
A segurança para a
votação foi reforçada e um total de 400 mil soldados e
policiais estarão mobilizados nas ruas do país.
A divulgação oficial dos
resultados pela Comissão Eleitoral Presidencial deve ser
feita no dia 21 de junho.
Mas acredita-se que o
nome do vencedor será divulgado bem antes. Os resultados
parciais da votação do primeiro turno se deram em 24
horas.
Fonte:
BBC Brasil |