O caso Ucrânia: entenda o conflito entre Rússia e Otan

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As relações entre Rússia e Ucrânia remontam ainda ao período pós-Segunda Guerra Mundial, naquilo que conhecemos como Guerra Fria.

Da redação

A então União Soviética disputava em nível mundial a primazia geopolítica com os Estados Unidos, representando cada país um pólo ideológico e político bem demarcado: o socialismo, associado à Europa oriental, e o capitalismo, alinhado aos estados ocidentais, grosso modo. A Ucrânia passaria, deste modo, a compor a zona de influência soviética, apelidada pelo político britânico Winston Churchill de “cortina de ferro”.

Para entender este contexto belicoso, é preciso compreender o nascimento de uma das mais poderosas alianças mundiais. Afinal, o que é a Otan?

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A criação da Otan

Neste ponto, teremos a criação de duas alianças mundiais importantes para compreender as tensões futuras. Os EUA, alinhando o discurso com demais países, como Inglaterra, França e Alemanha Ocidental, criariam a Organização do Tratado do Atlântico Norte, em 1949, como uma espécie de comitê internacional de segurança e proteção de seus próprios membros.

Criação da Otan (Domínio público)

Obviamente que, num contexto como o da Guerra Fria, claramente estes países tinham em mente construir um bloco forte que intimidasse os soviéticos. Ato contínuo, mas um pouco retardado, seis anos depois a União Soviética celebraria o Pacto de Varsóvia (1955), uma aliança militar com os países socialistas do leste europeu, a Ucrânia aí inserida.

Ambos os blocos estariam em constante fricção, definindo as dinâmicas geopolíticas mundiais, até o momento em que a URSS viria a ruir e consequentemente desmoronar, em 1991. 

Enquanto o Pacto de Varsóvia seria totalmente esquecido, a Otan fortaleceria suas bases, permanecendo até hoje como um bloco militar forte e ampliando seus membros cada vez mais.

Até chegar na Ucrânia.

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A Ucrânia após o fim da URSS

Sobre este país, é preciso considerar o seguinte: logo após a queda do regime soviético, grupos opositores ucranianos passariam a defender a integração econômica do país à União Europeia. Ao mesmo tempo, grupos separatistas no leste ucraniano defenderiam não somente o alinhamento com a Rússia, mas a anexação desses territórios aos russos.

Em 2013, protestos tomaram as ruas de Kiev no que ficaram conhecidos como a onda Euromaidan, uma manifestação popular que exigia a adesão da Ucrânia à União Europeia. Contudo, o presidente eleito, Viktor Yanukovych, se recusou a assinar o acordo com a UE, em 2014.

Isso lhe custaria o cargo, retirado pelo parlamento ucraniano.

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Nesse meio tempo, a Criméia, historicamente uma região russa, cedida aos ucranianos pelos soviéticos no pós-Segunda Guerra Mundial, foi reapropriada pelos russos em 2014, logo após a crise que se sucedeu com a queda de Yanukovych.

Maioria da população da Crimeia aprovou presença militar russa (Reuters)

A aproximação da Ucrânia com a União Europeia e, posteriormente, com a Otan passou a significar aos russos uma ameaça à sua fronteira próxima. Com a Ucrânia como aliada e base militar da Otan, o que esperar do equilíbrio geopolítico no leste europeu?

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou em 2020, no dia 23/12, em sua entrevista coletiva de imprensa anual, algo bastante elucidativo:

“É pedir demais não colocar nenhum sistema de ataque perto de nossa casa, o que há de estranho nisso? E se tivéssemos colocado mísseis na fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá? Ou no México?”.

As tensões seguem fortes no leste europeu, sem que ninguém possa dizer, realmente, como isso pode acabar.