ESPECIAL GLADIADORES - TEXTO 1
10/05/2011
Sacramentum gladiatorum: os gladiadores dos circos
romanos.
Prof.
Pablo Michel Magalhães
Muitos são os elementos legados como herança da
Civilização greco-romana que fascinam os contemporâneos.
Um desses elementos, que aqui evidenciamos, é a
gladiatura. Guerreiros semi-nus, empunhando escudos,
elmos e gládios, lutando por suas vidas numa arena onde
o público só alcançava a saciedade com um grande
derramamento de sangue. Areia e sangue, corpos em
contato, gládios reluzindo e cabeças rolando. Tudo isso,
fazendo parte da tal política de panem et circenses
(Pão e circo), onde magistrados, senadores, imperadores
e demais líderes romanos entretinham as massas,
fazendo-as esquecer dos problemas e impossibilitando que
esse povo promovesse uma revolução.
Essa ideia preconcebida ao longo do século XIX e
primeira metade do século XX é a explicação mais simples
e fácil que a maioria dos professores de história
repetem aos seus alunos. Porém, afirmar que apenas isso
é verdade, e que gladiadores e gladiadoras (sim,
mulheres também lutaram em arenas) eram nada
mais que estratégias de contensão das massas, é
simplesmente ser levado pelo conformismo.
ORIGENS DOS COMBATES ENTRE GLADIADORES
De acordo com Paul Veyne, respeitado historiador
especializado em Civilização greco-romana, os combates
entre gladiadores tem sua origem ligada aos funerais dos
cidadãos notáveis. Era comum a prática de encenações de
choros e lutas simuladas como forma de demonstrar toda a
tristeza e desolação pela morte de alguém. Essas lutas,
por exemplo, eram encenadas durante o enterro ou
cremação dos corpos. Geralmente, boa parte da população
comparecia para assistir a esse espetáculo funerário,
bem como acompanhar o testamento do notável cidadão
falecido.
O costume de munus funebre,
de dar algo para a população (divertimento, comida,
benefícios), fazia com que a memória do morto fosse
exaltada, bem como sua casa e família. A popularidade
das lutas fez com que, a cada funeral de um ilustre
cidadão romano, estas fossem oferecidas em honra do
defunto e para o divertimento da população. Esse costume
fez com que, cada vez mais, a luta entre esses
desafiantes caísse no gosto popular.
A princípio, torneios de gladiadores não existiam, mas a
partir do século I, os embates entre esses guerreiros
começaram a ser mais frequentes, como sugere a
historiadora Renata S. Garraffoni.
SINE MISSIONE
Geralmente, os combates entre gladiadores ocorriam até
que um dos dois chegasse a admitir a derrota, apontando
o dedo indicador para cima, em sinal de rendição. A esse
gesto, público e o nobre que oferecia a festa decidiriam
o destino no perdedor. O enforcamento era o destino
comum para esses gladiadores que, à beira da morte,
ainda deveriam demonstrar força e indolência, encarando
sua sentença com coragem. Em outros casos, quando a luta
era disputada até o fim e não havia unanimidade entre
vencedor e perdedor, ambos os gladiadores da batalha
eram poupados, pela bravura demonstrada na arena.
Porém, torneios ou desafios entre gladiadores poderiam
ser marcados sine missione, ou seja, sem
misericórdia, sem perdão: ao perdedor, decapitação ou
forca, sem esperar a decisão dos espectadores.
LANISTAS
Quem compra ou vende esse tipo de escravo? Quem cuida do
treinamento, para que o gladiador esteja em forma para
as lutas?
Pejorativamente chamados de lanistae
(açougueiros), eram eles quem se encarregavam de
movimentar o mercado de escravos com potencial para a
gladiatura. Verdadeiros mercadores de carne humana. Os
ludus, centros de treinamento dos gladiadores, eram
lugares muito mal vistos pela sociedade. Segundo Paul
Veyne, quando alguém queria ofender outra pessoa que
frequentava locais mal vistos, dizia-se que ela visitava
os bordéis e as casas de gladiadores, lupanaria et
ludus.
GLADIADOR X ESCRAVO
Muitos escravos eram direcionados para a gladiatura.
Entretanto, essa não era a única fonte de víveres para
esta atividade. Muitos dos gladiadores que atingiram
relativa fama eram voluntários. Não há como forçar
alguém a lutar: a batalha perde toda sua magia. Por
isso, a gladiatura passou a ser uma 2ª chance para
bandidos e ladrões que poderia escapar da prisão
exercendo a função de gladiador. Além disso, em busca de
dinheiro para saldar dívidas, muitos cidadãos que deviam
na praça buscavam a gladiatura para angariar fundos e
saldar seus penhores.
Texto do Profº Pablo Magalhães, da redação d'O
Historiante.
TEXTO 2 -
FASCÍNIO E HORROR: A ATRAÇÃO QUE
A GLADIATURA EXERCIA NO POVO ROMANO.
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