cabeçalho Issn 2317-9929
Artigo

 

 

 

Confira

Normas editoriais

Conheça nossas normas para publicação na Revista O Historiante.

Confira

Arquivo do site

Nossos arquivos empoeirados estão cheios de muita informação histórica. Fique à vontade e faça suas pesquisas.

30/07/2013- Uma nova fase da humanidade: Notas sobre os Metais, a Escrita e a Roda

 

Prof. Carl Lima

Licenciado e Mestre em História - UEFS

 

 

Mais uma vez voltamos nossas atenções para a Antiguidade. Destacaremos, agora, a denominada Idade dos Metais, período de profunda importância, haja vista que nessa temporalidade ocorreram duas grandes invenções da Humanidade: Revolução urbana, responsável pelo aparecimento das grandes civilizações do Oriente próximo, Egito e Mesopotâmia, e o desenvolvimento da Escrita, fatos que mudaram de uma vez por todas as relações político-administrativas e sociais. Além desses, temos o invento da Roda e a consequente união com o cavalo, gerando com isso o primeiro carro, criação que proporcionou grandes transformações para as civilizações, tanto as benéficas, no sentido da comodidade, quanto as maléficas, ao funcionar como instrumento de subjugação e manutenção das hegemonias imperiais.

Idade dos Metais é assim chamada porque tem como característica básica o surgimento e a utilização de determinados metais como matéria-prima para a humanidade. Para efeito didático e analítico, faz-se necessário uma divisão cronológica que leve em consideração o uso de variados metais. Assim tivemos:

 

Idade do Cobre

Esta é a primeira etapa da Idade dos Metais. Conforme a Arqueologia, o cobre foi usado pioneiramente por volta do ano 7000 a.C. e 6000 a.C., na área que posteriormente  iria surgir a Civilização Egípcia. Como pode ser percebido, ainda corria o Período Neolítico. Numa dessas experiências cotidianas, o homem, após acender a sua lareira, construída, como habitualmente, com algumas pedras amontoadas, viu estas, sob efeito do calor, liberar um líquido viscoso. Esse material conseguido seria justamente o cobre, no entanto, por força das circunstâncias, o homem precisou de mais de dois mil anos para entender o valor daquela descoberta. Ali nascia a metalurgia, após milhares de anos do uso do fogo, o homem descobriu uma de suas propriedades, o calor. O uso do cobre não substituiu de maneira total a do sílex, pelo fato de que este desenvolvimento não ocorreu de maneira homogênea entre as civilizações.

 

Cobre em Estado Bruto

 

O desenvolvimento do cobre em primeira ordem contemplou a questão da estética feminina com a fabricação de colares e pulseiras. Alguns anos depois, seria utilizado na indústria dos utensílios. O Egito foi o grande beneficiado com o uso deste metal, pois prodigiosamente alavancou a evolução da técnica arquitetônica, principalmente com algumas ferramentas,que por volta de 3000 a.C., iriam ser de suma importância para a construção das grandes pirâmides.

 

Idade do Bronze

O inicio dessa fase se deu por volta do ano 2800 a.C. e o passo inicial é dado desta vez na região da Mesopotâmia, com os Sumérios. O bronze, que consiste na liga do estanho com o cobre, foi fundido involuntariamente e a sua utilização supera a do cobre pela dureza e por ter sido mais bem aproveitado na fabricação de objetos para o uso cotidiano, tais como facas, buris e navalhas.

 

 Utensílios feitos de Bronze

 

Idade do Ferro

Não se sabe ao certo o momento exato do aparecimento do ferro; trabalha-se, então, na Arqueologia, o período da sua difusão, datado aproximadamente do ano de 1300 a.C. Ao que se sabe, a mais antiga indústria de ferro se encontra entre os hititas da Ásia Menor.  Neste período, a Europa estava dando os primeiros passos no uso do metal (cobre), entretanto, quando o ferro chegou nesta região ganhou uma utilidade que propiciou aos europeus a hegemonia no mundo após-barreira dos anos 1000 a.C. Isso pode ser evidenciado na fabricação de armas de guerra, particularmente num modelo de espada que era manobrada como arma cortante e não como arma penetrante, tendo sido essencial para vencer os impérios do próximo oriente.

 

A Escrita: grande transformação

Modelo da Escrita Cuneiforme

 

A escrita protagonizou um papel de relevância no progresso da humanidade. Se asorganizações sociais e a criação das cidades nos servem como marcos demarcatórios entre a pré-história e a proto-história, será seu advento que propiciará a algumas sociedades atingir uma nova forma de organização.

A escrita apareceu na Mesopotâmia no IV milênio a.C., tipificada no estilo pictográfico, ou seja, desenhos que representavam algo a ser expresso. Assim, era comum para indicar, por exemplo, um peixe, desenhar seu perfil, ou um touro representá-lo pela cabeça com dois chifres.

 

Evolução dos Hieróglifos

           

Seguindo um sentido evolutivo, tivemos a segunda fase, denominada de cuneiforme: desenhos simplificados e que buscavam representar pictogramas e formas abstratas do cotidiano. Essa nomenclatura se deve ao uso de objetos em formato de cunha para gravar os signos, e teve como inventores os Sumérios, por volta de 3500 a.C. Com o passar do tempo, a escrita deixou de ser apenas pictográfica e tornou-se também fonética, ou seja, a sua  representação baseia-se nos sons da fala e não mais apenas no objeto em si. Outra forma de escrita que teve importância destacada no Oriente Próximo foram os hieróglifos egípcios, que nada mais eram do que desenhos melhores que os ideogramas sumerianos, embora não mostre grande variabilidade.

 

A Roda: do cotidiano para a Guerra

 

 

 

 

 

 

 

 

Primeiro Modelo de Roda criado pela Humanidade

 

A roda é uma das evoluções técnicas do homem que não se tem datado a sua invenção e tampouco é um consenso no que tange o porquê do seu nascimento. Mas a certeza é que a roda foi à realização máxima da carpintaria pré-histórica: ela é simplesmente a condição preliminar para a maquinaria, e aplicada ao transporte, para transformar o trenó num carro ou vagão – o ancestral direto da locomotiva e do automóvel.

O que podemos relatar é que no seu nascimento ela tinha utilidade dupla. Por volta de 3000 a.C. era costume o uso dela pelos artesãos ceramistas: alocando um bloco de argila plástica no centro de uma roda que gira rapidamente sobre um eixo vertical, um artesão experimentado pode fazer em alguns minutos uma vasilha que levaria dias para ser feita à mão.  Por outro lado, é de se supor que o homem da Antiguidade, ao se deparar com algum objeto pesado e volumoso, teria tido a ideia de puxá-lo em ramos com o trenó. A partir dessa observação, percebeu que podia adaptar troncos de árvores no formato circular, para uma maior comodidade no transporte. Uma vez inventada a roda, seguiu-se naturalmente o carro, para o que bastava emparelhar duas rodas sobre um eixo e fixá-las sobre uma charrua no sítio do arado.

 

Modelo de Carro

 

Os carros mais antigos eram compostos por duas rodas e o condutor ficava sentado entre elas. Com o progresso das técnicas, esse carro passou a ter quatro rodas e já atrelado a um burro selvagem. Foi através de incursões de um povo nômade da Ásia Central que essa união pôde ser completada, ao apresentar às civilizações do Próximo Oriente o cavalo. A Mesopotâmia foi a primeira a utilizá-lo, mas foi com os egípcios que a sua receptividade foi grandiosa. O cavalo passou a ser atrelado ao carro com tiras de couro. Os documentos do Império Novo, período glorioso entre todos os da história egípcia, legam à posterioridade a imagem do rei de pé sobre o seu carro, as rédeas numa das mãos, chicoteando com a outra o inimigo odiado.  Escolhemos fazer a relação entre a roda, o carro e o cavalo pelo fato de que, séculos mais tarde, a união deles os transformariam em uma arma poderosa para subjugar adversários e instrumento essencial para manter a hegemonia dos impérios.

 

Carro de Guerra

 

Vale a pena conferir as produções desse período, pois se a tecnologia não estaria tão plenamente desenvolvida, fica demonstrada a capacidade de inventividade daqueles homens/mulheres para superação de problemas e melhoria de seus respectivos cotidianos.