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19/01/2015 - A GUERRA DO PELOPONESO (431-404 a.C)

 

Prof. Marcus Vinícius S. Lima

Mestre em História Social pela Universidade Severino Sombra e editor da revista O Historiante

 

Ilustração: Sattu.

 

Entre os anos 431 – 404 a.C., uma série de batalhas protagonizadas entre Cidades Estados gregas ficou conhecida como a Guerra do Peloponeso. Embora tenha sido descrita e representada por inúmeros escritores gregos, entre eles o famoso dramaturgo Eurípedes, coube ao historiador Tucídides narrar, com maior precisão de dados e rigor técnico, os acontecimentos que originaram e caracterizaram o desenrolar da guerra.

Os antecedentes desse grande conflito são marcados por um intenso processo de reorganização geopolítica encabeçado pela liga do Peloponeso, liderada por Esparta, e a liga de Delos, capitaneada por Atenas. Os acordos firmados entre os vários estados gregos para a defesa da Grécia ante as intervenções militares da civilização persa, não foram suficientes para se consolidar, entre os estados de maior destaque, um bloco político capaz de superar as diferenças e vontades de cada nação.

Pode-se mesmo dizer que, nos anos imediatamente anteriores ao início da Guerra do Peloponeso, as alianças entre as principais potências econômico-militares daquele período – Esparta, Corinto e Atenas – eram frágeis e temporárias, sucumbidas por interesses de dominação política e territorial dos principais governantes da Grécia. Todavia, é coreto afirmar que a principal causa motivadora para o início do confronto militar foi o receio da Liga do Peloponeso diante do crescimento do poderio ateniense no território grego. 

    

 

Mesmo que problemas políticos internos de cada uma das nações mais destacadas da Grécia tenham influenciado para a irrupção da Guerra do Peloponeso, a visão global sobre esse evento deve ser compreendida como um jogo político de afirmação de poder entre as Cidades envolvidas, contribuindo para tanto o significado que representava, do ponto de vista geoeconômico, liderar a Grécia contra ameaças externas. Por outro lado, foi justamente a busca desenfreada por esse ideal que resultou em uma Grécia arrasada e incapaz de se reerguer, coletivamente, após a Guerra, contra as tentativas de Roma em apossar-se do seu território.

Utilizando-se das forças máximas que dispunham à época, Esparta e Atenas travaram batalhas duríssimas intercaladas por breves tréguas e períodos de ataque mútuo. O saldo foi devastador. Durante os 27 anos de conflito, o grande número de capturas, exílios, mortes, saques às cidades participantes, além da ampla mobilização de recursos materiais e contingente impeliu todos os estados a um esgotamento de seus recursos e capacidade de preservação. A vitória de Esparta, e da liga do Peloponeso, contra a infantaria e os navios atenienses, deu aos espartanos um domínio hegemônico sobre todo a Grécia Antiga, entretanto, facilitou a futura conquista dos romanos e anexação dos gregos ao império vizinho. Se o saldo bélico foi terrível, um conjunto de adversidades naturais – terremotos, secas e peste – elevou o nível de precariedade da antiga Grécia, e agravou as condições das Cidades Estados.

Podemos considerar, então, que a Guerra do Peloponeso simbolizou não apenas as diferenças profundas entre os interesses dos estados gregos, como também, foi decisiva para a ruptura da hegemonia helênica na Europa, dando ao império romano as condições sócio históricas para sua expansão e completa absorção dos territórios vizinhos.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PINSY, Jaime. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2006.

TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Tradução de: Mario da Gama Kury. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1982.

TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Resenha de: JÚNIOR, Roosevelt A. da Rocha. TUCÍDIDES, História da Guerra do Peloponeso. Livro I. Letras Clássicas, n. 4, p. 365-374, 2000.