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Todo mundo é pós-moderno

 

 

 

Prof. Walter Andrade

Mestre em História - UFRRJ

Doutorando em História Social - UFRJ

 

Pós-moderno virou nome de tudo, inclusive nada*. É acusação de niilismo, é crítica séria ao iluminismo, é relativismo... é "zoação cult". É que moderno já é velho quando se quer ser mais e mais veloz e nessa vertigem ultrapassar o próprio tempo: ser vanguarda sans avant-garde. Então é vontade ou realidade? Talvez só um Zeitgeist.

 

Fala-se demais em outros pós ligados ao primeiro: pós-colonialismo (termo irrefutável em si), pós-industrialismo. Este último sempre me irritou, pois a despeito da diminuição real do quantitativo proletário não há desindustrialização - no máximo a mudança de empresas para países com poucos direitos trabalhistas - a própria tecnicização da indústria, que limita a necessidade de operários, é um fenômeno que se confunde com o Capitalismo. Se hoje a propaganda massiva fantasia os bens de consumo e é onde se joga boa parte dos lucros, ofetichismo da mercadoria já era denunciada por... Karl Marx (1818-1883).

 

A explosão do universo partidário em ONG's e Associações diversas faz parte do que senão da lógica liberal de fortalecimento de segmentos da Sociedade Civil? Já o pós-colonialismo enfatiza a crítica ao etnocentrismo, ao racismo e à atitude europeizante, buscando uma globalização mais plural (mas nem sonha em retornar à vida tribal...e se sonhar é saudosimo, é tradicionalismo, é pré-moderno!).

 

Bem pode ser que aqui se confunda, em verdade, pós com ruptura. Ora, nem sempre o que vem depois é descontínuo (vide as pós-graduações). Nesse sentido, o pós-modernismopoderia ser entendido como um aprofundamento da modernidade, uma segunda fase. Para dirimir essas questões, já (ainda) há quem fale em hipermodernismo. Assim, creio que estamos longe de ter encerrado a modernidade, poiso que a Revolução Francesa pregava senão os valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade? Se atualmente o Socialismo critica o Liberalismo não é por estes valores em si, mas contra uma interpretação apenas legalista dos mesmos, em nome da justiça social, ou seja, pela real universalização deste imaginário. Tudo que hoje parece ruído - a Família, a Tradição, os Partidos, até as utopias futuristas - tinham em comum o fato de bloquear o carpe diemo aqui-agora. Os valores liberais centrados no indivíduo e no mercado têm hoje não sua derrocada, mas sua apoteose! Patológica muitas vezes. E em nome de que raios podemos criticar essas patologias? Em nome do irracional que não é...

 

 

É só porque a modernidade se fundou sobre o racionalismo que podemos revisá-la...racionalmente!

Sugestões bibliográficas: Jean Baudrillard, Jean-François Lyotard, Edgar Morin, Homi Bhabha, Jair Ferreira dos Santos, Sergio Paulo Rouanet, Gilles Lipovetsky, Humberto Gessinger, entre outros.

* "Na verdade nada é uma palavra esperando tradução".