07/05/2013
Ressurrecionistas, uma prática
comum, mas proibida, nos séculos XVIII e XIX.
Prof.
Marcos Antônio Leite
Lopes Filho
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Nos dias de hoje, a prática da anatomia é um processo
normal, pois já desvendamos todo o mapa do corpo humano.
Mas, como se deram os estudos da anatomia? Abaixo
veremos um resumo de como ocorreu esse processo.
Antigamente, existiam pessoas que violavam tumbas para
alimentar escolas de medicina para se estudar anatomia.
Tudo isso parecia meio tenebroso, mas, com o tempo, se
tornou uma pratica comum, mesmo proibida. Em 1319,
quatro estudantes foram presos por violar uma sepultura.
Isso seria o primeiro caso de roubo de corpos que se tem
notícia. Muitas pessoas consideravam desrespeito ao
morto dissecar seu corpo.
No Reino Unido, algumas escolas de anatomia usavam
corpos de pessoas condenadas à forca para estudos em
sala de aula. A dissecação fazia parte da condenação, de
certa forma, uma punição extra. Dependendo do crime, era
negado até o funeral, e muitos dos esqueletos ficavam à
mostra nas exposições de medicina. Com isso, viria a
piorar a imagem que o povo tinha a respeito de dissecar
cadáveres, ninguém queria ter alguém da família em sala
de aula com tanta exposição.
Nos Séculos XVII e XVIII, o número de estudantes de
medicina só vinha a aumentar, de 200 para mais de mil em
20 anos, mas a quantidade de cadáveres aumentava sem
atender às necessidades. Não eram apenas estudantes que
precisavam de mortos, cirurgiões praticavam em cadáveres
antes de encarar um paciente vivo. É bom lembrar que as
operações eram realizadas sem anestesia (a anestesia com
Éter foi descoberta em Boston na década de 1840, a
primeira cirurgia geral com anestesia foi em 16 de
outubro de 1846) e os cirurgiões precisavam ser muito
rápidos. A situação se tornava mais complicada, pois as
penas por enforcamento haviam caído muito do século
XVIII para XIX. Como a demanda estava maior que a
oferta, surgiram os ladrões de corpos que eram chamados
resurrecionistas. A lei britânica tinha penas
duras para quem roubasse algo do tumulo. A lei condenava
quem roubasse algum pertence do corpo, e não o corpo.
Como funcionava o roubo? Os ladrões invadiam os
cemitérios e cavavam perto do corpo para retirá-lo, - a
localização se dava por meio de espiões que se
infiltravam em enterros - até abrir a parte do caixão
onde ficava a cabeça. Nisso, eles tiravam o corpo e
devolviam ao caixão os pertences do morto, para não
serem presos. Muitas famílias, com medo que alguém
roubasse o corpo, faziam vigílias no túmulo, esperando o
corpo ficar inutilizado para a prática. Mesmo com todas
as precauções, os negócios dos resurrecionistas iam de
vento e poupa, pois muitas autoridades faziam vista
grossa e a prática era vista como questão de interesse
público para formação de novos cirurgiões.
Logo, alguns indivíduos viram que havia outra maneira
mais eficaz de pegar cadáveres frescos sem ir ao
cemitério: era só pegar os corpos ainda vivos e
matá-los. Uma grande parte da população ficou indignada
com a quantidade de assassinatos que ocorreram nesta
época. Conforme o tempo, leis foram criadas e as
quantidades de corpos legalmente disponíveis foram
aumentando, levando ao fim dos resurrecionistas.
Dica de leitura:
Livro História
da Medicina,
do autor Roy Porter.
(Texto do
Prof. Marcos Antônio Leite Lopes Filho, da redação d'O Historiante)
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