A lenda dos 47 ronins

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Capa: Arte de Utagawa Kuniyoshi do século XIX.

A Lenda dos 47 ronins é uma história japonesa, sobre um evento que aconteceu aproximadamente entre 1701 e 1703.

Por Cleber Roberto Silva de Carvalho
Licenciado em História - UPE
Especialista em História do Brasil
Com dados pesquisados pela redação em:
National Geographic
Artigo de Alana Camoça Gonçalves de Oliveira

A história conta que um grupo de samurais (exatamente 47) se tornaram ronins (samurais sem um senhor), de acordo com o código de honra samurai, depois que seu senhor, o daimyo (senhor feudal) do Domínio de Ako, Asano Naganori, foi obrigado a cometer seppuku (suicídio ritual) por ter agredido um alto funcionário governamental, Kira Yoshinaka.

Os agora ronins elaboraram um plano para vingar o seu daimyo, que consistia em matar Kira Yoshinaka e toda sua família, mesmo sabendo que iriam ser severamente punidos.

Os 47 guerreiros esperaram por quase dois anos para não despertarem qualquer suspeita. Eram vistos bêbados, com concubinas, como se não tivessem mais interesse na vida, mesmo sendo humilhados por outras pessoas.

Esse modo de vida iludiu os espiões de Kira Yoshinaka.

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A tradição do Seppuku

O Seppuku, vulgarmente conhecido no ocidente por haraquiri ou haraquíri, era uma forma de suicídio tradicional do Japão feudal e, ao longo da história, foi utilizado pela classe guerreira japonesa (samurai) como uma forma de morrer de maneira honrosa e servindo ao seu mestre.

Xilogravura de Utagawa Kuniyoshi retratando o ritual

O código do samurai escrito por Yamamoto Tsumemoto no século XVII dizia: “O caminho do samurai é a morte.” Com isto, não se referia só à morte do guerreiro em combate, mas também ao dever de se suicidar antes de aceitar render-se. Desde as épocas mais antigas da história japonesa, foram postos em prática diversos métodos de suicídio de honra, como o de lançar-se às águas com a armadura vestida ou saltar do cavalo com a espada na boca. No entanto, o método mais conhecido e emblemático foi o de rasgar o ventre com um punhal.

O suicídio era um recurso excepcional, pois não era raro que os samurai derrotados passassem a lutar sob outra bandeira se isso assegurasse a sobrevivência da sua linhagem. Por outro lado, o seppuku obrigatório podia ser decretado por um tribunal como modalidade de pena de morte para o samurai.

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A vingança dos ronins

Dois anos após a morte de Asano, Kira tinha abaixado sua guarda. Então os ronins decidiram atacar e conseguiram invadir o palácio de Kira. O mesmo, em pânico, refugiou-se em um cômodo, junto com sua esposa e servas.

Os guardas foram derrotados e Kira foi encontrado e levado ao átrio do local e foi dada a chance de morrer honradamente cometendo seppuku. Como ele não respondeu, então, foi decapitado. Após o assassinato de Kira, os ronins se entregaram à justiça e foram condenados a cometer seppuku.

Xilogravura impressa do ataque a mansão, por Utagawa Kuniyoshi.

A vingança dos 47 ronins continuou espalhando controvérsia durante o período Edo. Alguns consideravam que eles esperaram muito tempo para se vigarem, uma vez que Kira corria o risco de morrer e seus esforços seriam inúteis.

Esta lendária história tornou-se muito popular na cultura do Japão, porque é uma demonstração de lealdade, sacrifício, persistência e honra que as pessoas deveriam preservar.

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