22/06/2013
Proposta didática
A mídia, a informação
e o ensino de História.
Prof. Lucas Adriel S.
de Almeida
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textos deste autor)
Introdução
O volume de “informações” que é disponibilizado pela
mídia a todos nós, atualmente, é gigantesco. São
notícias e mais notícias sobre acontecimentos
cotidianos, fatos históricos, ambientes políticos,
planos econômicos, os mais variados temas. Logicamente,
estas questões são se restringem aos formatos de
telejornais, mas estendem-se por novelas, filmes,
séries, programas de entrevistas e outros mais. Esta
questão é vista por muitos como um problema. O excessivo
lugar ocupado pela mídia na vida da juventude brasileira
é apontado, por estes, como uma das causas do
desinteresse apresentado por nossos alunos no ambiente
escolar.
Acreditamos que esta questão tenha, sim, sua parcela de
contribuição, mas não queremos entrar no mérito desta
discussão. Nossa proposta, aqui, vai em sentido oposto.
Consiste em sugerir a utilização da informação midiática
como ferramenta didática nas aulas de história. À
critério de exemplo, buscaremos apontar as
possibilidades de alguns temas e conteúdos, mas a
metodologia pode ser aplicada a outras oportunidades.
Algumas considerações e propostas
Os números expressivos da produção agrícola brasileira
nos surpreendem a cada dia que passa; o Brasil ocupa, de
forma cada vez mais incisiva, uma posição de destaque
entre os países exportadores de produtos agrícolas. A
temática em questão é noticiada corriqueiramente na
imprensa nacional. Reportagens sobre este assunto acabam
por fazer parte da vida de muitos dos nossos alunos que,
de alguma forma, acabam tendo contato com este tipo de
informação. Claro que as formas de contato com ela são
muito variadas. Entretanto, acreditamos que, sobre a
produção agrícola e a posição do nosso país como grande
exportador de gêneros alimentícios, muito já se “ouviu
falar”.
Neste contexto, percebemos nosso aluno inserido num
mundo cheio de informações jogadas de forma aleatória, e
destacamos a importância do professor. A ideia é usar
este contato com a mídia para despertar as motivações
necessárias para uma diferente aula de história.
Orientados pelo que é trabalhado por Jaime Pinsky e
Carla Bassanezi Pinsky, que ao discutir sobre estas
questões apontam que “confundir informação com
conhecimento tem sido um dos grandes problemas da nossa
educação... Exatamente porque a informação chega aos
borbotões, por todos os sentidos, é que se torna mais
importante o papel do bom professor”. Portanto, a
presença da mídia pode não ser um problema e sim como um
caminho. Vejamos as possibilidades.
A proposta
A ideia central é abordar os conteúdos de história que
se relacionem com um tema recorrente na mídia. No nosso
caso, “o destaque do Brasil no mercado internacional,
como um grande exportador de produtos agrícolas”. O
ideal é que, após breve introdução sobre o tema, abra-se
espaço para que os alunos exponham suas contribuições,
relatando em sala de aula as informações que adquiriram
com as mais variadas reportagens que tiveram acesso
sobre o tema. A socialização destas reportagens é ponto
central desta proposta didática, pois é de extrema
importância que o professor também perceba as diferentes
leituras que cada um faz do assunto, entendendo assim a
individualidade de cada aluno.
O segundo ponto da proposta consiste em inserir um
conteúdo - ou mesmo uma série de conteúdos de História -
para que o aluno comece a analisar tais informações,
balizado pelo conhecimento histórico. Para o tema que
lançamos, sugerimos trabalhar com a colonização
portuguesa na América, trabalhando com assuntos que vão
desde as capitanias hereditárias até questões relativas
ao modelo produtivo agrícola, com base não só nos
latifúndios, mas também no trabalho escravo e na
monocultura de exportação.
As discussões sobre diversas reportagens devem sempre
emergir, dialogando com os conteúdos de história, visto
que a compreensão sobre o conteúdo deve relacionar-se
com as questões do presente. Em outras palavras, é
importante destacar que a relevância em se estudar um
determinado conteúdo está em ele responder aos problemas
que nos são postos no presente. Deste modo, a constante
relação entre o conteúdo de história e as diversas
reportagens trazidas à sala de aula pelos alunos são
elemento metodológico fundamental para o sucesso desta
proposta.
Algumas relações possíveis.
Por fim, mas não menos importante, outros temas e
conteúdos podem ser inseridos (neste caso, a
sensibilidade do professor, que já conheceu a
individualidade dos alunos, é o parâmetro ideal para
medir o volume de conteúdos possíveis para cada
realidade). Utilizando o nosso tema como exemplo,
poderíamos trabalhar com questões relativas ao MST,
destacando historicamente as questões da propriedade da
terra no Brasil; Funções de projetos políticos, como os
de Reforma Agrária, e suas relações com a agricultura
familiar e o agronegócio, dentre tantos outros. Esta
proposta abre uma gama de possibilidades para que
trabalhemos com outras disciplinas, como Língua
Portuguesa, Redação, Sociologia, Filosofia, Geografia e
a interlocução com o mundo midiático.
A avaliação: o que avaliar?
A proposta avaliativa propõe a utilização de materiais
visuais como charges, tirinhas, fotografias e outros que
versem sobre o tema. As questões podem ser subjetivas,
onde o professor queira analisar a leitura do aluno de
forma discursiva e processual por meio de um texto
escrito ou por meio da exposição oral, ou mais
objetivas, utilizando questões de vestibular – já que
muitas delas hoje utilizam estes recursos para compor
suas questões - pensando numa perspectiva de avaliação
mais prática. A principal questão a ser avaliada remete
a percepção do aluno sobre problemas sociais e sua
capacidade de analisá-los, balizado pelos conteúdos
históricos, sendo capaz de construir uma argumentação
sólida para sustentar sua posição diante da situação
problema que lhe foi proposta.
Bom, buscamos elencar aqui alguns caminhos que, mais do
que propostas fechadas, visam ser noções possíveis de
serem adaptas pelo(a) docente a cada realidade. Escolas
das zonas rurais, por exemplo, podem utilizar a
experiência cotidiana dos discentes e suas famílias com
sindicatos ou movimentos sociais para alavancar ainda
mais as discussões. Enfim, as variantes são inúmeras.
Sucesso!!!
(Texto do Prof. Lucas
Adriel S. de Almeida, da redação d'O Historiante).
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