Abraham Lincoln: O 16º presidente dos Estados Unidos da
América.
Prof. Lucas Adriel S.
de Almeida
(imagem: http://www.slate.com/)
A
vida de Abraham Lincoln, ou parte dela, é sempre tema da
indústria cinematográfica estadunidense. Seja com
abordagens mais fantasiosas, seja com uma perspectiva
focada em produzir algo mais próximo da
realidade vivida, a figura do presidente volta e meia é
retratada pelo cinema. A mais recente produção sobre a
vida de Lincoln nesse contexto é apresentada no novo
filme do afamado diretor Steven Spielberg. O filme
“Lincoln” ganhou notoriedade recente na mídia
principalmente por ter sido indicado para concorrer em
2013 à mais disputada premiação do cinema mundial: o Oscar
de melhor filme. Não é de se estranhar a utilização da
presidência de Lincoln como temática nas telonas, pois
coube a Abraham Lincoln a responsabilidade de governar o
seu país em meio a um dos momentos mais marcantes de sua
história, a chamada Guerra Secessão (1861 – 1865).
As
raízes deste conflito interno estadunidense remontam às
diferentes formas de colonização praticadas pela
Inglaterra nas chamadas treze colônias inglesas. Nas
colônias do Norte praticou-se o que podemos chamar de
colonização de povoamento. Como o próprio nome aponta, as
colônias de povoamento foram regiões povoadas
por súditos da coroa britânica que se deslocaram da Inglaterra e se
instalaram na região norte das colônias inglesas na
América do Norte. Este tipo de colonização (analisando
de forma bastante rasa) fundamentou-se em aspectos como
o trabalho livre, a policultura e os minifúndios. Por
outro lado, também de forma simplória, nas colônias do
sul praticou-se a chamada colonização de exploração,
pautada na monocultura, sustentada pelo trabalho escravo
em latifúndios.
Estas
diferenças estruturais, na maneira de conceber o país,
acabaram criando uma divisão interna, com base em
diferentes concepções de modelo socioeconômico para o
país, uma divisão entre o Norte e o Sul. As diferenças
evidenciadas na forma de conceber os rumos que o país
deveria tomar teve como culminância uma sangrenta
Guerra Civil, que tinha na abolição da escravatura o seu
ponto central de divergência. Para os estados do Sul, o
fim da escravidão significava a sentença de morte para
sua economia fundamentada no trabalho escravo, enquanto
que, para os estados do Norte, o fim da escravidão levaria
o sul a se inserir no seu projeto político, delineado
para o jovem país que tinha conseguido sua independência
há pouco tempo, no ano de 1776. Nesse contexto falou o
presidente Lincoln em um discurso:
(...)
que todos nós aqui presentes solenemente admitamos que
esses homens não morreram em vão, que esta Nação com a
graça de Deus venha gerar uma nova Liberdade, e que o
governo do povo, pelo povo e para o povo jamais
desaparecerá da face da terra. (Discurso de
Abraham Lincoln em 19 de Novembro de 1863 – Cemitério
Militar de Gettysburg. Pensilvânia, Estados Unidos da
América. Disponível em:
http://www.arqnet.pt/portal/discursos/novembro01.html)
(O
assassinato do presidente Lincoln, disponível em:
Biblioteca do Congresso, Washington)
A
vitória do Norte na Guerra de Secessão e, logicamente, a
abolição da instituição da escravidão no EUA rendeu ao
presidente Lincoln alguns desafetos. Um destes terminou
por lhe assassinar: o sulista John Wilkes Boot.
Notoriamente, a abolição da escravidão não colocou fim em
tantas outras formas de cerceamento da liberdade, nem as
mazelas sociais do preconceito racial que ainda
permaneceram nos EUA. Sintomático neste sentido são os
diversos enfrentamentos e formas de preconceito racial e
opressão que se estabeleceram nos EUA ao longo do século
XX. Para ficar apenas em um famoso exemplo, podemos
mencionar o discurso de Martin Luther king Jr.
em 28 de agosto de 1963,
pronunciado na escadaria do monumento a Lincoln que
ficou conhecido com o título de “I have a dream” (Eu
tenho um sonho). Segue abaixo o discurso:
Este discurso foi pronunciado
por Martin Luther King Jr. visando combater os
preconceitos raciais ainda arraigados no seio da
sociedade americana da época. O orador em questão era um
ativista político estadunidense, pastor protestante, e
pronunciou o seu famoso discurso durante a chamada
Marcha pelo Trabalho e Liberdade em Washington frente a
uma multidão estimada em mais de 200 mil pessoas. Martin
Luther King Jr. buscava também a luta pelo direito das
minorias e, nesse mesmo contexto da década de 1960, se
destacaram algumas lideranças e grupos organizados para
contestar o racismo de formas variadas, como, por exemplo, Malcolm X e
os Panteras Negras.
Para saber mais sobre este assunto e outros aspectos
sobre a História dos Estados Unidos leia:
KARNAL, Leandro; PURDY, Sean; FERNANDES, Luiz Estevam;
MORAIS, Marcus Vinícius de. História dos Estados
Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo,
Contexto, 2007.
(Texto do Prof. Lucas
Adriel S. de Almeida, da redação d'O Historiante).