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04/06/2013
Série Segunda
Guerra Mundial
Texto 2 - Guerra total, guerra
mundial: batalhas em todo o
globo.
África, Ásia, Europa,
América, Oceania: os continentes viram palco para
Segunda Grande Guerra.
Prof. Pablo Michel
Magalhães
A Liga das
Nações, criada após a Primeira Guerra Mundial, era uma
instituição falida, não conseguia promover a paz que
tanto almejava: Mussolini e seu exército fascista
invadiram a Etiópia, conquistada na base de tiros e
bombas; a Alemanha descumpriu todos os pontos do Tratado
de Versalhes, rearmando-se, saindo da Liga e
questionando a soberania desta; alemães, italianos e
sovietes testaram largamente suas armas na Espanha,
durante a Guerra Civil que levou o ditador Francisco
Franco ao poder. Para agravar a situação, Grã-Bretanha e
França sequer pareciam ter lutado lado a lado entre
1914-1918.
O clima de
instabilidade reinante possibilitou que Adolf Hitler
promovesse uma verdadeira revolução desenvolvimentista
na Alemanha, imprimindo uma política em tudo consoante
com seus ideais. E pasmem: muitos líderes mundiais
admiravam o führer!
Em questão
de tempo, Hitler e a Alemanha conseguiriam retomar seu
posto de potência no velho continente, e a ideologia
nazista representava sua nova bandeira política.
Lebensraum, blitzkrieg e outros nomes complicados:
os nazistas tomam a iniciativa!
Em 1º de
setembro de 1939, reclamando a existência de conflitos
na fronteira, a Alemanha, sob as ordens de Hitler,
enviou forças alemãs para invasão da Polônia. Com um
grande número de tanques blindados de guerra, os
chamados Panzers, uma infantaria poderosamente
disciplinada e uma frota aérea invejável, os alemães
rapidamente ocuparam o país vizinho, pegando os
poloneses de surpresa e sem qualquer possibilidade de se
defender da chamada blitzkrieg, a guerra
relâmpago dos nazistas.
Sabemos que
isso aconteceu, mas dificilmente nos perguntamos: por
que? Por que logo a Polônia? Antes de mais nada,
precisamos saber o porquê do expansionismo alemão.
Primeiramente, Hitler e seu partido Nazista
reivindicavam um sonhado "espaço vital", o Lebensraum,
e pretendiam anexar países que tivessem significativa
população germânica, como a Áustria (invadida em março
de 1938, sem precisar disparar sequer um tiro,
uma vez que o povo austríaco recebeu os soldados alemães
com festa, como restauradores da união germânica), a
Tchecoslováquia (Hitler reclamou a posse do território
tcheco, e sem qualquer interferência da Liga das Nações,
invadiu o país, dividindo-o ao meio, tomando posse de
uma metade e transformando a outra em um país fantoche)
e a Prússia Oriental. A Polônia estava literalmente no
meio do caminho, entre Berlim e o território prussiano,
e de fato dividia o território alemão.
Depois, era
de conhecimento de todos que a Polônia possuía um grande
número de habitantes judeus. Com a rendição polonesa, 20
dias depois da invasão alemã, as forças nazistas
iniciaram a superexploração do território conquistado,
usando e abusando da mão-de-obra de judeus, poloneses e
demais etnias. A Polônia, assim, deixou de existir
enquanto Estado independente.
Essa foi a
primeira movimentação bélica que desencadeou a Segunda
Guerra Mundial. Até então, acordos diplomáticos e muita
conversa tinham permitido que Hitler e a Alemanha
conquistassem espaço.
Um a um, os
pontos do Tratado de Versalhes foram sendo desobedecidos
por parte da Alemanha: suas forças militares foram
reativadas, e uma política de rearmamento passou a ser
praticada às claras; sob a vista grossa da marinha
britânica, Hitler promovia uma reorganização e
modernização nunca antes vistas dos navios mercantes e
de guerra alemães; diante da ocupação da Polônia, a
Inglaterra e a França quase não se movimentaram, apesar
de terem declarado guerra à Alemanha, tendo os franceses
entrincheirado-se atrás da famigerada linha Maginot.

Os alemães, diante da linha Maginot, simplesmente
"deram a volta" e invadiram a França. (Imagem:
the-rioblog.blogspot.com)
Os franceses
pensavam estar seguros por trás dessa linha de
fortificações, erigidas após a Primeira Guerra Mundial,
que separava a fronteira com a Alemanha. A ideia de
André Maginot era a de construir uma super trincheira,
invencível. Claro, ele ainda tinha em mente as longas
batalhas de trincheiras da guerra anterior. Porém, a
linha não cobria toda a fronteira francesa, apenas a
parte em que fazia contato com a Alemanha. Isso permitiu
que o exército de Hitler, literalmente, desse a volta e
invadisse a França, em 1940.
Tendo
firmado um tratado de não-agressão com a União
Soviética, em 1939 (assinado pelos ministros das
relações exteriores Molotov, russo, e Ribentropp,
alemão, sob a aprovação de Stalin) Hitler evitava,
assim, uma guerra de duas frentes. Apesar de se
apresentar como um líder político pacífico, e pregar a
não-violência publicamente, em segredo, para seu círculo
de fiéis seguidores, ele arquitetava uma série de
ataques relâmpago, que visavam a conquista do "espaço
vital" (Lebensraum) e o triunfo sobre França e
Inglaterra, seus principais algozes na Grande Guerra
anterior e adversários poderosos na conquista da
soberania mundial que tanto almejava. Além disso, era de
seu interesse conquistar a União Soviética, pátria do
socialismo e do comunismo, ideologias perigosas para o
Nazismo que, na década de 1930, havia extirpado esses
ideais de solo alemão.
Com tudo
isso, sabemos que a Polônia pagou o pato. Conquistada,
explorada, humilhada, ela foi submetida ao poderio
alemão.
Uma vez que
havia conseguido anexar o número de territórios
necessários para o projeto da "Grande Alemanha", e sem o
perigo de ser atacado por leste, pela União Soviética,
Hitler operou sua máquina rápida e letal, a
Blitzkrieg, em direção à França.
No lado
ocidental, até então, pouca ou quase nenhuma
movimentação estava acontecendo. Nos mares, alguns
navios franceses haviam sido abatidos, mas os alemães
não conseguiam se sobrepor à marinha britânica, superior
e melhor equipada. Impedidos de acessar os mares do
norte, os nazistas invadiram a Dinamarca e Noruega,
entre abril e maio de 1940, atrás de fontes para
alimentar a indústria alemã. A partir daí, a campanha
relâmpago contra a França seria infalível.
Como
sabemos, pensavam os franceses que a linha Maginot os
protegia. Mon dieu!Pobres franceses! Os alemães
utilizaram-se de uma tática nada nova para superar a
imensa trincheira francesa: a invasão da Bélgica e da
Holanda. Mesmo tendo declarado a neutralidade destes
dois países, Hitler enviou a temida Luftwaffe (Força
aérea alemã) realizar uma série de bombardeamentos nas
cidades holandesas e belgas, matando e assustando
milhares de civis. Sem qualquer alvo militar em vista, a
ideia era promover o caos, forçando a rendição.
Diante desta
movimentação, exércitos ingleses e franceses buscaram, a
todo custo, conter a máquina de guerra alemã, que
parecia mais um rolo compressor. Por onde passava,
destruía e esmagava o que visse pela frente. Porém, a
Blitzkrieg foi superior aos esforços dos aliados
anglo-franceses, que bateram em retirada ainda na
Bélgica (a marinha britânica conseguiu resgatar mais de
350 mil soldados aliados).
O derrotismo
francês era muito forte, e mesmo na Inglaterra vários
políticos e militares demonstravam certo sentimento de
desistência diante das investidas alemãs. A
desorganização francesa era tanta que não possuíam
tática de contra ataque em pauta, e o marechal Pétain já
mostrava certo conformismo com a iminente derrota. Em 4
de junho de 1940, os alemães marcharam pelas ruas de
Paris, decretando sua vitória sobre os franceses.

Albert Speer, Adolph Hitler e Arno Breker em Paris,
tendo ao fundo a Torre Eiffel.
Hitler
utilizou-se da mesma prática aplicada à Tchecoslováquia
em relação à França dominada: dividiu-a em duas partes.
Uma, ocupada por nazistas, ao norte, e por italianos
fascistas, no sudeste. A outra, ao sul, ficou conhecida
como República de Vichy, ou França de Vichy governada,
vejam vocês, pelo velho Petáin, o derrotista francês!
Era um Estado fantoche dos Nazistas. A França de Vichy
foi transformada em um país fascista, repressor e
praticante das políticas raciais alemãs.

Com seus
planos sobre a França concretizados, Hitler voltou suas
atenções para a Grã-Bretanha. O próximo passo seria a
conquista, por via aérea, da maior potência europeia, e
que mais desafiava os planos alemães. Novamente, os
nazistas lançaram mão de sua esquadra aérea, a temida
Luftwafe. Os números impressionam: 1.400
bombardeiros e mais de 1.000 caças foram enviados para a
Operação Leão-Marinho, despejando toneladas e mais
toneladas de bombas em portos, aeroportos, vilas e
cidades. Londres também foi atingida.
No entanto,
diferentemente da França, os alemães encontraram
resistência muito bem treinada. A Real Força Aérea com
seus Spitfires enfrentaram os aviões alemães e os
venceram. Mais de 1.700 aviões da Alemanha foram
abatidos. A batalha aérea foi desastrosa para os planos
de rápida vitória da Blitzkrieg.
Hitler adiou
seus planos de conquista da Grã-Bretanha. Em 27 de
setembro de 1940, ele, Mussolini e Hirohito uniam seus
Estados no Pacto Tripartite, ou Pacto do Eixo. Assim,
Alemanha, Itália e Império Japonês formavam uma aliança
militar.
Poucos
sabem, mas até Junho de 1941, os alemãs gozaram de certa
tranquilidade e soberania no continente. Os ingleses
buscavam se recuperar do recente ataque alemão, a França
livre já não existia (De Gaule organizava a resistência
na Argélia contra os nazistas) e a União Soviética,
apesar de se sentir ameaçada pela Alemanha (a aliança
com os japoneses, inimigos recentes dos soviéticos, não
cheirava nada bem), fiava-se no acordo de não-agressão
assinado em 1939. Uma péssima escolha a dos soviéticos.
Hitler
queria conquistar a URSS, e pôs seu plano em prática em
22 de Junho de 1941, com a operação Barbarossa.
GUERRA
TOTAL, GUERRA MUNDIAL
Chamamos
guerra Total uma batalha que envolva todos os
habitantes de um país, que mobilize todas as classes, e
que não faça distinção entre campo de batalha e campo
civil ou neutro. Dessa maneira, tal como na Primeira
Guerra, a Segunda Grande Guerra foi uma guerra total:
enquanto os homens em idade militar fora ao campo e
batalha, as mulheres foram responsáveis pela produção
industrial dos países, e eram elas quem forneciam, por
exemplo, fardamentos e munições à frente de combate;
cidades foram totalmente destruídas como parte de
estratégia de guerra, mesmo sem possuir qualquer foco
militar ou presença de soldados inimigos, fazendo
milhares de civis vítimas.
Desde a
agricultura, passando pela indústria, todos os setores
econômicos, por exemplo, da Alemanha, França e
Inglaterra foram envolvidos nos esforços de guerra. E os
líderes mundiais sabiam de uma coisa: venceria a guerra
quem produzisse mais. Uma das potências do Eixo, o
Japão, trabalhava em cima disso. Ele buscava espaço para
desenvolvimento de sua indústria, bem como fontes de
matéria prima para abastecê-la. Sua geografia o impedia
disso, e a solução foi conquistar novos territórios. As
guerras sino-japonesas, contra a China (1937-1945), e os
conflitos com a União Soviética (entre 1932 e 1939, e
logo depois, a partir de 1941, após a invasão alemã do
território soviético) são fruto da ideia expansionista
japonesa.
Mais
território, mais espaço, mais desenvolvimento. Foi
pensando nisso que, em 7 de dezembro de 1941, os
japoneses promoveram o ataque surpresa à base americana
de Pearl Harbor, no Havaí. Os americanos exerciam grande
influência nos mares do Pacífico, e os japoneses queriam
ter essa supremacia para concretizar seus ideais
expansionistas. Não contavam que fossem despertar um
gigante adormecido contra si próprios.
Aos poucos,
a guerra que envolvia alguns países no continente
europeu foi tornando-se mundial. Podemos sinalizar o ano
de 1942 como ponto de partida para a ampliação da
Segunda Guerra Mundial, com a criação da Aliança (EUA,
Inglaterra e URSS) e a entrada de uma série de países do
lado dos aliados (China, Austrália, África do Sul,
inclusive o Brasil).
A exemplo da
Ásia e dos mares do pacífico, onde o Japão desenvolvia
suas atividades bélicas, a África foi palco de várias
batalhas entre alemães e italianos, de um lado, e
britânicos e americanos, além de várias tropas de demais
países aliados, do outro.

O gerenal alemão Erwin Rommel (em destaque), a
Raposa do deserto.
Diante da
tentativa de expansão italiana, da Líbia ao Egito, os
britânicos agiram e rechaçaram os combatentes de
Mussolini. Na tentativa de auxiliar seus aliados, os
alemães enviaram o general Erwin Rommel, a Raposa do
deserto, hábil estrategista. Apesar de ter
conseguido várias grandes vitórias, ele não foi páreo
para as ofensivas britânicas em 1942, municiadas pelo
farto material de guerra fornecido pelos americanos. A
batalha de El Alamein e a ofensiva de ingleses e
americanos no Marrocos foram decisivos para a derrota da
Alemanha e da Itália.
Continua...
Nosso
próximo passo, a Operação Barbarossa. Os alemães se
preparam para invadir e derrotar os russos, seguindo seu
ideal de guerra rápida, temendo o potencial que a União
Soviética tinha, pelo seu espaço geográfico e fonte de
riquezas. Mal sabiam que seria nesse confronto com os
vermelhos que começaria o princípio do seu fim.
Em breve, confira o texto 3:
E os aliados
vencem (quando inimigos se unem contra um mal
comum).
(Texto do Prof. Pablo
Michel Magalhães, da redação d'O Historiante). |
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